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Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) e Gastrite

A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) e a gastrite são dois problemas digestivos frequentemente confundidos devido à semelhança de alguns sintomas. Embora ambas as condições envolvam o trato gastrointestinal, suas causas, tratamentos e complicações são distintos. Este artigo busca esclarecer as principais diferenças entre DRGE e gastrite, abordando sintomas, diagnósticos e tratamentos para cada uma dessas condições.

O que é DRGE?

A DRGE é uma condição crônica em que o conteúdo ácido do estômago retorna para o esôfago, causando desconforto e irritação na mucosa esofágica. O esfíncter esofágico inferior, responsável por impedir esse retorno, não funciona adequadamente, permitindo que o ácido gástrico cause danos à mucosa do esôfago.

Sintomas da DRGE

Os sintomas da DRGE incluem:

  1. Pirose: Sensação de queimação no peito ou na garganta, geralmente após refeições.
  2. Regurgitação ácida: Sensação de líquido amargo ou ácido subindo pela garganta.
  3. Dor torácica: Algumas vezes, a dor pode ser confundida com problemas cardíacos, pois ocorre no peito.
  4. Disfagia: Dificuldade para engolir alimentos ou líquidos.
  5. Tosse crônica: O refluxo pode irritar as vias respiratórias, causando tosse ou rouquidão.
  6. Náuseas: Embora menos comum, a DRGE pode causar uma sensação persistente de náusea.

O que é Gastrite?

A gastrite é a inflamação da mucosa que reveste o estômago, causada principalmente pela infecção da bactéria Helicobacter pylori ou pelo uso excessivo de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). Ao contrário da DRGE, que afeta o esôfago, a gastrite está relacionada diretamente ao estômago.

Sintomas da Gastrite

Os sintomas mais comuns da gastrite incluem:

  1. Dor ou desconforto epigástrico: Sensação de queimação ou dor na parte superior do abdômen.
  2. Náusea: Sensação de enjoo ou necessidade de vomitar.
  3. Vômito: Em alguns casos, pode haver vômitos frequentes, às vezes com a presença de sangue.
  4. Perda de apetite: A dor e o desconforto podem levar à diminuição da fome.
  5. Inchaço abdominal: Sensação de plenitude ou distensão após as refeições.

Causas da DRGE

A principal causa da DRGE é o mau funcionamento do esfíncter esofágico inferior, que permite o retorno do ácido gástrico para o esôfago. Algumas das condições que contribuem para esse mau funcionamento incluem:

  • Obesidade: O excesso de peso pode aumentar a pressão abdominal, favorecendo o refluxo.
  • Gravidez: O aumento do útero pressiona o estômago, facilitando o retorno do ácido.
  • Fatores alimentares: Alimentos como frituras, cafeína, álcool, chocolate e comidas picantes podem relaxar o esfíncter.
  • Hérnia de hiato: Ocorre quando uma parte do estômago se projeta através do diafragma, contribuindo para o refluxo.

Causas da Gastrite

A gastrite, por outro lado, é frequentemente causada por fatores que irritam diretamente a mucosa gástrica, como:

  • Infecção por Helicobacter pylori: A principal causa de gastrite, essa bactéria pode danificar o revestimento do estômago, levando à inflamação.
  • Uso prolongado de AINEs: Medicamentos como ibuprofeno e aspirina podem enfraquecer a proteção da mucosa gástrica, tornando-a mais suscetível à inflamação.
  • Consumo excessivo de álcool: O álcool irrita e destrói a mucosa gástrica.
  • Estresse: Em alguns casos, o estresse severo, especialmente causado por cirurgias ou doenças graves, pode levar à gastrite.

Complicações da DRGE

Se não for tratada adequadamente, a DRGE pode levar a várias complicações, incluindo:

  • Esofagite: Inflamação crônica do esôfago, causada pela exposição repetida ao ácido.
  • Estenose esofágica: Cicatrizes no esôfago podem causar estreitamento, dificultando a deglutição.
  • Esofago de Barrett: Uma condição em que as células que revestem o esôfago mudam, aumentando o risco de câncer esofágico.

Complicações da Gastrite

A gastrite também pode causar complicações se não for tratada de forma adequada, incluindo:

  • Úlceras gástricas: Erosões profundas na parede do estômago podem ocorrer devido à inflamação prolongada.
  • Sangramento gástrico: Em casos graves, a gastrite pode levar ao sangramento interno, identificado pela presença de sangue no vômito ou nas fezes.
  • Câncer gástrico: A infecção crônica por Helicobacter pylori está associada a um aumento no risco de câncer no estômago.

Diagnóstico

O diagnóstico de ambas as condições pode ser feito por meio de:

  • Clínico: A partir do histórico do paciente, seus sintomas e sua vida em geral.
  • Endoscopia digestiva alta: Um tubo flexível com uma câmera é inserido no esôfago e no estômago para verificar sinais de inflamação, erosão ou alterações celulares.
  • Exame de pH esofágico: Mede o nível de acidez no esôfago e pode ajudar a confirmar a DRGE.
  • Teste de urease ou biópsia gástrica: Usado para diagnosticar a presença de Helicobacter pylori na gastrite.

Abordagem do Tratamento da DRGE e Gastrite via Telemedicina

O uso da telemedicina tem se consolidado como uma ferramenta eficaz no acompanhamento de condições crônicas como a DRGE e a gastrite. Além de fornecer uma alternativa prática às consultas presenciais, permite um monitoramento contínuo e personalizado, o que é fundamental para o sucesso do tratamento. A orientação sobre mudanças no estilo de vida e o ajuste terapêutico adequado são componentes essenciais dessa abordagem, que visa melhorar a qualidade de vida dos pacientes e prevenir complicações.

Avaliação Inicial e Orientações Personalizadas

Na primeira consulta, o foco é realizar uma avaliação detalhada dos sintomas, histórico médico e hábitos de vida do paciente. Essa etapa é crucial para identificar fatores agravantes, como alimentos que desencadeiam o refluxo ou o uso prolongado de anti-inflamatórios que prejudicam a mucosa gástrica. A partir dessas informações, o plano de tratamento é personalizado, com recomendações que vão além dos medicamentos, abordando mudanças fundamentais na rotina.

Entre essas orientações, destacam-se:

  • Alimentação adequada: Evitar alimentos que exacerbam os sintomas, como frituras, álcool e cafeína. Além disso, o paciente é instruído a identificar intolerâncias alimentares que podem contribuir para o agravamento do quadro.
  • Atividade física moderada: O exercício físico é encorajado, mas com precauções para evitar atividades que possam piorar o refluxo, como exercícios intensos logo após as refeições. A orientação adequada sobre o tipo e a intensidade do exercício faz parte do manejo global da condição.
  • Melhora na qualidade do sono: Elevar a cabeceira da cama e evitar refeições pesadas antes de dormir são medidas simples, mas eficazes para reduzir o refluxo noturno.

Acompanhamento e Ajustes Terapêuticos

A continuidade do acompanhamento é um dos principais benefícios oferecidos pela telemedicina. Em vez de consultas esporádicas, o paciente tem acesso frequente a avaliações de sua resposta ao tratamento. Isso permite ajustes rápidos, tanto na medicação quanto nas orientações de rotina, sempre que necessário.

O acompanhamento regular também é fundamental para reforçar a importância da adesão às mudanças de hábitos. Muitas vezes, a dificuldade em manter uma dieta adequada ou seguir horários de medicação pode comprometer os resultados do tratamento. Através de consultas periódicas, é possível identificar essas dificuldades e oferecer estratégias para superá-las.

Além disso, em caso de piora dos sintomas, o paciente pode rapidamente entrar em contato para ajustes imediatos. Isso inclui:

  • Ajuste de medicação: À medida que o paciente responde ao tratamento, pode ser necessário alterar doses ou até mudar o tipo de medicamento, como inibidores da bomba de prótons ou antagonistas H2.
  • Reforço de hábitos saudáveis: Manter o paciente motivado a seguir as orientações é essencial para o controle da doença, evitando recaídas e complicações.

Suporte Educacional e Psicológico

Outro aspecto relevante é a educação contínua dos pacientes. Muitas vezes, dúvidas sobre como as mudanças no estilo de vida impactam o tratamento surgem ao longo do processo. Através de um suporte educativo claro e acessível, o paciente entende melhor sua condição e a importância de seguir as recomendações médicas.

Além disso, viver com uma doença crônica pode gerar um impacto emocional significativo. O acompanhamento constante permite que o paciente compartilhe suas preocupações e receba orientações não apenas para a parte física, mas também para o bem-estar emocional. Esse suporte holístico ajuda a melhorar a adesão ao tratamento e a qualidade de vida.

Importância da Adesão às Mudanças de Estilo de Vida

O sucesso no controle da DRGE e da gastrite depende, em grande parte, do comprometimento do paciente com as mudanças sugeridas. As orientações sobre alimentação, postura durante o sono e gerenciamento do estresse são essenciais para evitar a piora dos sintomas e melhorar a resposta ao tratamento. A monitorização frequente possibilita intervenções rápidas e eficazes, garantindo que os resultados desejados sejam alcançados de forma consistente.

Quem escreveu esse artigo:

DR BRUNO RECH<br><span style="font-weight:400;font-size:1em;">CRMRS 53500</span>

DR BRUNO RECH
CRMRS 53500

Dr. Bruno é plantonista de urgência e emergência e realiza atendimento clínico através de um consultório online. Além de ser redator da Revista MedLine, é o responsável técnico na MedLine Telemedicina©, com mais de 8500 consultas realizadas.

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