O que é?
A anemia ferropriva, também conhecida como anemia por deficiência de ferro, é uma condição em que o corpo não possui ferro suficiente para produzir hemoglobina, a proteína presente nos glóbulos vermelhos que transporta oxigênio dos pulmões para o resto do corpo. O ferro é um nutriente essencial, e sua falta pode levar à produção de glóbulos vermelhos menores e em menor quantidade, resultando em uma diminuição da capacidade do sangue de transportar oxigênio. A anemia ferropriva é o tipo mais comum de anemia em todo o mundo, afetando pessoas de todas as idades, mas especialmente mulheres em idade reprodutiva, crianças e adolescentes.
Sintomas
Os sintomas da anemia ferropriva podem variar de leves a graves, dependendo do grau de deficiência de ferro e da capacidade do corpo de se adaptar à redução de oxigênio. Os sintomas comuns incluem:
- Fadiga extrema: Sensação de cansaço constante e falta de energia.
- Fraqueza: Diminuição da força muscular e sensação de fraqueza.
- Pele pálida: Palidez da pele, mucosas e leito ungueal (sob as unhas), devido à diminuição dos glóbulos vermelhos.
- Falta de ar: Dificuldade para respirar, especialmente durante a atividade física.
- Tontura: Sensação de vertigem ou desmaio.
- Dor de cabeça: Cefaleia frequente e persistente.
- Mãos e pés frios: Sensação de frio constante nas extremidades.
- Batimentos cardíacos irregulares: Sensação de palpitações ou arritmias devido ao esforço do coração para compensar a falta de oxigênio.
- Unhas frágeis: Unhas quebradiças ou em forma de colher (coiloniquia).
- Desejo por substâncias não nutritivas (pica): Vontade de comer substâncias não alimentares, como gelo, argila ou terra, é um sintoma raro mas característico da anemia ferropriva.
Causas
A anemia ferropriva ocorre devido a um desequilíbrio entre a necessidade de ferro do corpo e a quantidade de ferro disponível para produção de hemoglobina. As principais causas incluem:
- Perda de sangue: A perda crônica de sangue é a causa mais comum de deficiência de ferro. Isso pode ocorrer devido a:
- Menstruação abundante: Ciclos menstruais pesados são uma causa comum de anemia ferropriva em mulheres.
- Sangramento gastrointestinal: Úlceras, pólipos, câncer de cólon, gastrite e uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem causar sangramento interno e perda de ferro.
- Doação de sangue frequente: Doar sangue regularmente pode levar à redução dos estoques de ferro.
- Ingestão inadequada de ferro: Dietas pobres em ferro, especialmente aquelas que não incluem carne, peixe ou alimentos fortificados com ferro, podem levar à deficiência de ferro.
- Absorção deficiente de ferro: Certas condições médicas e cirurgias podem interferir na absorção do ferro, como:
- Doença celíaca: Danos ao intestino delgado dificultam a absorção de ferro.
- Cirurgia bariátrica: Procedimentos que reduzem o tamanho do estômago ou removem parte do intestino delgado podem diminuir a absorção de ferro.
- Doenças inflamatórias intestinais: Condições como a doença de Crohn e a colite ulcerativa podem afetar a absorção de nutrientes, incluindo o ferro.
- Aumento da necessidade de ferro: Durante períodos de crescimento, gravidez e lactação, o corpo precisa de mais ferro, e a ingestão insuficiente durante esses períodos pode resultar em anemia.
Complicações
Se não tratada, a anemia ferropriva pode levar a várias complicações que afetam a qualidade de vida e a saúde geral:
- Problemas cardíacos: O coração precisa trabalhar mais para compensar a falta de oxigênio, o que pode levar a uma frequência cardíaca irregular, sopros cardíacos, aumento do coração (cardiomegalia) e, em casos graves, insuficiência cardíaca.
- Problemas durante a gravidez: A anemia ferropriva grave durante a gravidez aumenta o risco de parto prematuro, baixo peso ao nascer e depressão pós-parto.
- Atraso no crescimento e desenvolvimento: Em crianças, a deficiência de ferro pode levar a problemas no desenvolvimento físico e cognitivo, afetando o aprendizado e o crescimento.
- Maior suscetibilidade a infecções: A deficiência de ferro pode enfraquecer o sistema imunológico, aumentando o risco de infecções.
- Síndrome das Pernas Inquietas: Uma condição neurológica caracterizada por um desejo incontrolável de mover as pernas, que pode estar associada à deficiência de ferro.
Diagnóstico
O diagnóstico da anemia ferropriva é baseado em uma combinação de histórico médico, exame físico e exames laboratoriais. Os principais exames incluem:
- Hemograma completo: Avalia os níveis de hemoglobina e hematócrito, além do tamanho e da cor dos glóbulos vermelhos, que podem indicar anemia microcítica e hipocrômica (glóbulos vermelhos menores e mais claros que o normal).
- Níveis de ferritina sérica: Mede a quantidade de ferro armazenado no corpo. Níveis baixos de ferritina são um dos primeiros sinais de deficiência de ferro.
- Níveis de ferro sérico e capacidade total de ligação do ferro (TIBC): Avaliam a quantidade de ferro no sangue e a capacidade do sangue de transportar ferro.
- Saturação de transferrina: Mede a porcentagem de transferrina (proteína que transporta ferro) que está carregando ferro. Níveis baixos indicam deficiência de ferro.
- Exame de sangue oculto nas fezes: Pode ser solicitado para detectar sangramento gastrointestinal que não é visível a olho nu.
Tratamento
O tratamento da anemia ferropriva visa corrigir a deficiência de ferro e abordar a causa subjacente da condição. As abordagens incluem:
- Suplementação de ferro: A suplementação oral de ferro é o tratamento mais comum. Comprimidos de sulfato ferroso são frequentemente prescritos, e a dose depende da gravidade da anemia. A suplementação deve ser tomada com o estômago vazio para melhorar a absorção, mas pode ser tomada com alimentos se causar desconforto gastrointestinal.
- Ajustes na dieta: Aumentar a ingestão de alimentos ricos em ferro, como carne vermelha, frango, peixe, feijão, lentilhas, tofu, espinafre e alimentos fortificados com ferro. A vitamina C pode aumentar a absorção do ferro, por isso, é recomendável consumir alimentos ricos em vitamina C, como frutas cítricas, junto com fontes de ferro.
- Tratamento da causa subjacente: Identificar e tratar a causa da perda de ferro é essencial. Isso pode incluir tratar úlceras gástricas, substituir medicamentos que causam sangramento gastrointestinal, ou gerenciar a menorragia com contraceptivos hormonais.
- Suplementação intravenosa de ferro: Em casos de anemia ferropriva grave, intolerância ao ferro oral, ou quando a absorção é comprometida, pode ser necessário administrar ferro por via intravenosa.
- Transfusão de sangue: Em casos de anemia severa com sintomas graves ou risco de vida, pode ser necessária uma transfusão de sangue para aumentar rapidamente o número de glóbulos vermelhos.
Prevenção
A prevenção da anemia ferropriva envolve garantir a ingestão adequada de ferro, especialmente em grupos de risco como mulheres em idade reprodutiva, crianças, adolescentes e pessoas com doenças crônicas:
- Dieta rica em ferro: Consumir uma dieta equilibrada com alimentos ricos em ferro, tanto de fontes animais (ferro heme) quanto vegetais (ferro não-heme). Incluir alimentos como carnes magras, aves, peixes, legumes, verduras de folhas verdes escuras, nozes e sementes.
- Suplementação preventiva: Mulheres grávidas, lactantes e pessoas com risco aumentado de deficiência de ferro podem se beneficiar de suplementos de ferro preventivos, conforme recomendado pelo médico.
- Evitar o consumo excessivo de chá e café: Esses produtos contêm taninos que podem inibir a absorção de ferro.
- Monitoramento regular: Exames de sangue regulares para monitorar os níveis de ferro, especialmente em pessoas com histórico de anemia ferropriva ou condições que aumentam o risco de deficiência de ferro.
Como abordamos via Telemedicina
A telemedicina oferece uma maneira eficaz de gerenciar a anemia ferropriva, proporcionando acompanhamento contínuo e personalizado:
- Consultas virtuais: Facilita o acompanhamento regular dos sintomas, adesão ao tratamento e ajustes na suplementação de ferro.
- Educação do paciente: Programas educacionais online podem ajudar os pacientes a entenderem a importância da dieta e da adesão ao tratamento.
- Monitoramento remoto: Dispositivos e aplicativos que monitoram os níveis de hemoglobina ou outros marcadores podem enviar dados diretamente ao médico, ajudando na personalização do tratamento.
- Intervenções rápidas: Em caso de sintomas novos ou agravamento da anemia, a telemedicina permite uma intervenção rápida e o ajuste do plano de tratamento.