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Dengue

O que é?

A dengue é uma doença febril aguda causada por um dos quatro sorotipos do vírus dengue (DENV 1, DENV 2, DENV 3 e DENV 4), transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti. É uma enfermidade sistêmica e dinâmica, que pode variar desde formas leves até graves, podendo levar ao óbito. A infecção pelo vírus da dengue pode ocorrer de forma assintomática ou sintomática, apresentando-se em três fases clínicas: febril, crítica e de recuperação.

Sintomas

  1. Febre alta (39ºC a 40ºC): de início abrupto e duração de dois a sete dias.
  2. Cefaleia: dor de cabeça intensa.
  3. Mialgias e artralgias: dores musculares e nas articulações.
  4. Dor retro-orbitária: dor atrás dos olhos.
  5. Anorexia: perda de apetite.
  6. Náuseas e vômitos: desconforto gastrointestinal.
  7. Exantema: erupções cutâneas, que podem ocorrer em 50% dos casos.
  8. Diarreia: fezes pastosas, facilitando o diagnóstico diferencial com outras gastroenterites.
  9. Sinais de alarme: dor abdominal intensa, vômitos persistentes, acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural), hipotensão postural, hepatomegalia, sangramento de mucosas, letargia e irritabilidade.

Caso suspeito de dengue

Considera-se caso suspeito de dengue todo paciente que apresente doença febril aguda, com duração máxima de sete dias, acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sinais ou sintomas: cefaleia, dor retro-orbitária, mialgia, artralgia, prostração ou exantema, associados ou não à presença de sangramentos ou hemorragias. História epidemiológica positiva é importante, como ter estado nos últimos 15 dias em área com transmissão de dengue ou com presença do Aedes aegypti. Crianças provenientes ou residentes em áreas endêmicas que apresentem quadro febril sem sinais de localização da doença ou sem sintomas respiratórios também podem ser consideradas casos suspeitos.

Prova do Laço

A prova do laço deve ser realizada na triagem, obrigatoriamente, em todo paciente com suspeita de dengue e que não apresente sangramento espontâneo. Deve ser repetida no acompanhamento clínico do paciente apenas se previamente negativa.

  • Verificar a pressão arterial e calcular o valor médio pela fórmula (PAS + PAD)/2; por exemplo, PA de 100 x 60 mmHg, então 100+60=160, 160/2=80; então, a média de pressão arterial é de 80 mmHg.
  • Insuflar o manguito até o valor médio e manter durante cinco minutos nos adultos e três minutos em crianças.
  • Desenhar um quadrado com 2,5 cm de lado no antebraço e contar o número de petéquias formadas dentro dele; a prova será positiva se houver 20 ou mais petéquias em adultos e dez ou mais em crianças. Atenção para o surgimento de possíveis petéquias em todo o antebraço, dorso das mãos e nos dedos.
  • Se a prova do laço apresentar-se positiva antes do tempo preconizado para adultos e crianças, a mesma pode ser interrompida.
  • A prova do laço frequentemente pode ser negativa em pessoas obesas e durante o choque.

Causas

A dengue é causada pelo vírus dengue, pertencente à família Flaviviridae. A transmissão ocorre principalmente pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado. A propagação da doença é favorecida por condições ambientais, como acúmulo de água parada, que servem de criadouro para os mosquitos.

Sinais de Alarme na Dengue

  1. Dor abdominal intensa e contínua.
  2. Vômitos persistentes.
  3. Hipotensão postural e/ou lipotímia.
  4. Hepatomegalia dolorosa.
  5. Sangramento de mucosa ou hemorragias importantes (hematêmese e/ou melena).
  6. Sonolência e/ou irritabilidade.
  7. Diminuição da diurese.
  8. Diminuição repentina da temperatura corpórea ou hipotermia.
  9. Aumento repentino do hematócrito.
  10. Queda abrupta de plaquetas.
  11. Desconforto respiratório.

Complicações

  1. Choque: resultado do extravasamento plasmático severo.
  2. Hemorragias graves: podem ocorrer sem choque prolongado, frequentemente associadas ao uso de AINEs e anticoagulantes.
  3. Comprometimento de órgãos: incluindo miocardite, hepatite, encefalite e insuficiência renal aguda.
  4. Síndrome da angústia respiratória aguda (SARA): pode ser uma causa do desconforto respiratório.

Diagnóstico

O diagnóstico da dengue é clínico e laboratorial, com base na anamnese, exame físico e resultados de exames laboratoriais, como hemograma completo. A identificação dos sinais de alarme e o estado hemodinâmico são essenciais para classificar a gravidade da doença e determinar a conduta adequada.

Tratamento

  1. Hidratação: fundamental para todos os pacientes com dengue.
  2. Tratamento sintomático: uso de antitérmicos como paracetamol para controle da febre e dor.
  3. Monitoramento contínuo: especialmente na fase crítica, para detecção precoce de sinais de alarme e complicações.
  4. Suporte intensivo: para casos graves, incluindo reposição de fluidos intravenosos e suporte hemodinâmico.
  5. Transfusões sanguíneas: em casos de hemorragias severas.

Prevenção

  1. Controle do vetor: eliminação de criadouros de mosquitos, uso de inseticidas e mosquiteiros.
  2. Educação comunitária: sensibilização sobre a importância do controle ambiental e prevenção da proliferação do Aedes aegypti.
  3. Vacinação: disponível em alguns países para indivíduos que já tiveram dengue anteriormente.

Telemedicina

A telemedicina pode ser uma ferramenta eficaz no manejo da dengue, especialmente em áreas endêmicas e durante surtos. As etapas do atendimento via telemedicina incluem:

  1. Consulta inicial: avaliação dos sintomas e histórico do paciente através de videoconferência.
  2. Orientação e educação: fornecimento de informações sobre hidratação, sinais de alarme e medidas preventivas.
  3. Monitoramento remoto: acompanhamento diário dos pacientes para detecção precoce de sinais de agravamento.
  4. Triagem e encaminhamento: identificação de casos graves que necessitam de atendimento hospitalar imediato.
  5. Suporte contínuo: disponibilização de consultas de seguimento e apoio psicológico para pacientes e familiares.

Considerações Finais

A dengue continua a ser um desafio de saúde pública devido à sua alta transmissibilidade e potencial para causar complicações graves. A prevenção através do controle do vetor e a educação da população são fundamentais para reduzir a incidência da doença. O diagnóstico precoce e o manejo adequado são essenciais para evitar desfechos fatais. A telemedicina emerge como uma ferramenta valiosa para aprimorar o atendimento e monitoramento de pacientes, especialmente em cenários de alta demanda.

Quem escreveu esse artigo:

DR BRUNO RECH<br><span style="font-weight:400;font-size:1em;">CRMRS 53500</span>

DR BRUNO RECH
CRMRS 53500

Dr. Bruno é plantonista de urgência e emergência e realiza atendimento clínico através de um consultório online. Além de ser redator da Revista MedLine, é o responsável técnico na MedLine Telemedicina©, com mais de 8500 consultas realizadas.

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