O que é?
A enxaqueca é uma doença neurológica caracterizada por episódios recorrentes de dor de cabeça intensa, geralmente acompanhada de outros sintomas como náuseas, vômitos e sensibilidade à luz e ao som. A dor da enxaqueca é frequentemente pulsátil e unilateral, podendo durar de algumas horas a até três dias. Diferente de uma dor de cabeça comum, a enxaqueca interfere significativamente na vida do paciente, impactando atividades diárias e qualidade de vida. Essa condição é reconhecida como um dos principais tipos de cefaleia incapacitante e afeta milhões de pessoas em todo o mundo.
Epidemiologia
A enxaqueca é uma das doenças neurológicas mais comuns e incapacitantes globalmente. Estima-se que cerca de 15% da população mundial sofra de enxaqueca em algum momento da vida. A prevalência é significativamente maior entre as mulheres, apresentando uma relação de três mulheres para cada homem afetado. Esse fato se deve, em parte, a fatores hormonais que influenciam diretamente no desenvolvimento e na frequência das crises.
A enxaqueca costuma se manifestar pela primeira vez na adolescência ou início da vida adulta, sendo mais prevalente em pessoas com idade entre 25 e 55 anos. Ela também é a segunda principal causa de anos vividos com incapacidade em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), devido à sua capacidade de impactar a vida laboral, social e familiar dos indivíduos acometidos.
Sintomas
Os sintomas da enxaqueca são variados, mas a característica principal é uma dor intensa, geralmente localizada em um lado da cabeça. Os sintomas mais comuns incluem:
- Dor de cabeça pulsátil e unilateral: A dor é frequentemente descrita como latejante e geralmente afeta um lado da cabeça, embora possa mudar de lado ou, em alguns casos, afetar ambos os lados.
- Sensibilidade à luz (fotofobia) e ao som (fonofobia): Durante as crises, muitos pacientes preferem estar em ambientes escuros e silenciosos.
- Náuseas e vômitos: São sintomas muito comuns, que frequentemente acompanham a dor intensa.
- Aura (em alguns casos): Algumas pessoas experimentam auras, que são alterações visuais ou sensoriais que precedem a dor. As auras podem incluir pontos brilhantes, linhas em ziguezague, perda temporária da visão ou sensação de formigamento em algumas partes do corpo.
- Fadiga e irritabilidade: Esses sintomas podem estar presentes antes, durante e após uma crise de enxaqueca.
A enxaqueca geralmente ocorre em quatro fases: pródromo, aura (quando presente), fase de dor e pósdromo (fase de recuperação). Nem todos os pacientes passam por todas essas fases, mas entender esse ciclo ajuda no manejo dos sintomas.
Causas
As causas exatas da enxaqueca não são completamente compreendidas, mas acredita-se que esteja relacionada a alterações nos neurotransmissores cerebrais e na atividade neural. Fatores genéticos desempenham um papel importante, visto que a condição tende a ocorrer em famílias. Além disso, há uma série de fatores desencadeantes que podem provocar uma crise de enxaqueca em pessoas predispostas:
- Alterações hormonais: Nas mulheres, variações nos níveis de estrogênio durante o ciclo menstrual, gravidez ou menopausa são comuns desencadeantes.
- Estresse: O estresse físico ou emocional pode desencadear uma crise.
- Alimentos específicos: Certos alimentos e bebidas, como vinho tinto, chocolates, queijos envelhecidos e alimentos com glutamato monossódico (MSG), podem provocar enxaquecas.
- Privação ou excesso de sono: Alterações no padrão de sono, como noites mal dormidas ou excesso de sono, são comuns desencadeadores.
- Mudanças climáticas: Mudanças bruscas de temperatura, pressão atmosférica ou exposição ao calor extremo também podem ser desencadeantes.
- Estímulos sensoriais: Luzes muito brilhantes, ruídos altos ou odores intensos podem provocar crises.
Complicações
A enxaqueca pode ter complicações importantes na vida dos pacientes:
- Enxaqueca crônica: Quando os episódios de dor ocorrem em mais de 15 dias por mês durante mais de três meses, a enxaqueca é classificada como crônica, tornando-se um desafio ainda maior para a qualidade de vida do paciente.
- Uso excessivo de medicamentos: Muitos pacientes com enxaqueca utilizam analgésicos em excesso, o que pode levar a um tipo de dor de cabeça conhecida como cefaleia por uso excessivo de medicação (cefaleia de rebote).
- Ansiedade e depressão: A dor crônica e a imprevisibilidade das crises podem contribuir significativamente para o desenvolvimento de transtornos de humor, como ansiedade e depressão.
Diagnóstico
O diagnóstico da enxaqueca é essencialmente clínico, feito com base no histórico do paciente e nas características das dores de cabeça:
- Histórico de sintomas: O médico irá perguntar sobre a frequência, intensidade e características das dores, bem como os sintomas associados, como náuseas e aura.
- Exame físico e neurológico: Para excluir outras causas de dor de cabeça, como problemas neurológicos mais graves.
- Diário de dor de cabeça: Manter um diário pode ajudar a identificar padrões ou desencadeadores específicos.
Raramente, exames de imagem como tomografia computadorizada ou ressonância magnética são necessários, exceto se houver sinais de alerta que indiquem outras condições.
Tratamento
O tratamento da enxaqueca visa aliviar os sintomas durante as crises e prevenir episódios futuros. Ele pode ser dividido em tratamento abortivo e tratamento preventivo.
Tratamento Abortivo
Este tipo de tratamento é usado durante as crises para aliviar os sintomas, quanto antes utilizar ou seja, no início da dor ou da aura, maior a eficácia:
- Analgésicos simples: Como paracetamol ou anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), como ibuprofeno, que são eficazes em crises leves.
- Triptanos: São medicamentos específicos para enxaqueca que ajudam a aliviar a dor e os sintomas associados.
- Antieméticos: Medicamentos para náuseas e vômitos, que são comuns durante as crises de enxaqueca.
Tratamento Preventivo
O tratamento preventivo é indicado para pacientes que têm crises frequentes ou muito incapacitantes. Esse tipo de tratamento reduz a frequência e a gravidade das crises:
- Betabloqueadores: Como o propranolol, são usados para diminuir a frequência das crises.
- Antidepressivos tricíclicos: Como a amitriptilina, que pode ser eficaz para prevenir enxaquecas em alguns pacientes.
- Anticonvulsivantes: Como o topiramato, também são usados como medida preventiva.
- Anticorpos monoclonais: Nos últimos anos, medicamentos injetáveis específicos para prevenção de enxaqueca têm sido desenvolvidos, como os inibidores do peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP).
Prevenção
A prevenção da enxaqueca envolve tanto o uso de medicamentos como mudanças no estilo de vida:
- Identificação e evitação de gatilhos: Manter um diário para identificar fatores desencadeantes pode ajudar a evitá-los.
- Rotina de sono: Ter uma rotina de sono consistente, dormindo e acordando no mesmo horário diariamente.
- Alimentação balanceada: Evitar alimentos desencadeantes e fazer refeições regulares.
- Exercícios físicos: A prática regular de atividades físicas pode ajudar a reduzir a frequência das crises, mas deve ser realizada de forma moderada para não desencadear um ataque.
- Redução do estresse: Técnicas de relaxamento, como ioga, meditação e exercícios respiratórios, são importantes para controlar o estresse, um dos principais gatilhos da enxaqueca.
Como nossos clínicos abordam via Telemedicina
Nos atendimentos via telemedicina, nossos clínicos adotam uma abordagem personalizada para o manejo da enxaqueca:
- Consulta inicial e histórico detalhado: Durante a consulta, nossos clínicos realizam uma avaliação completa da frequência, intensidade e possíveis gatilhos das crises, além de discutir o impacto na vida diária do paciente.
- Educação e planejamento preventivo: Orientações são dadas sobre o reconhecimento e a evitação de gatilhos, bem como mudanças no estilo de vida que podem ajudar a reduzir as crises.
- Prescrição de medicamentos: Caso necessário, são prescritos medicamentos específicos tanto para o alívio imediato das crises quanto para a prevenção de novos episódios.
Acompanhamento regular: A telemedicina facilita um acompanhamento contínuo e flexível, permitindo ajustes rápidos no tratamento e na abordagem preventiva de acordo com a resposta do paciente.